Pi-po-ca. As sílabas dessa palavra tupi parecem estalar na boca soando exatamente como seu significado: milho que faz barulho. Faz barulho na panela, no microondas, entre os dedos que o catam afoitos e entre os dentes. Provocam zunzunzum também para não dizer poc, poc, poc nas conversas sobre nutrição. É que sempre pipocam histórias que condenam esse alimento. Ora porque é calórico, ora porque é engordurado, ora porque aceita uma verdadeira chuva de sal.
Mas justiça seja feita: aquela porção do cineminha tem cinco vezes mais fibras do que se você comesse a mesma quantidade, em gramas, de alface! A notícia, por si só, já é saborosa para quem precisa botar o intestino nos eixos. Mas o efeito digestivo só acontece se você beber alguma coisa junto. E, por favor, evite o refrigerante. Água ou suco são as melhores pedidas.
A parte mais fibrosa do milho ou pericarpo, no jargão dos especialistas também tem papel importante na explosão dos grãos. Trata-se de uma película grossa que retém o amido, diz o engenheiro agrônomo Eduardo Sawasaki, do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), no interior de São Paulo. A questão é que esse amido incha-se em altas temperaturas. A capa de fibras não. Ou seja, a pressão no interior do grão se torna insuportável. Resultado: poc!
Como num passe de mágica, o grão duríssimo se transforma em um floco branco e macio. Nesse novo e irresistível formato, uma substância chama a atenção dos experts em saúde: o *AMIDO RESISTENTE. Preste atenção porque a notícia, aqui, é mais quente do que pipoca recém-saída da panela: esse carboidrato duro na queda passa intacto (ou quase) pelo aparelho digestivo e assim não provoca altas repentinas nos níveis de glicose.
Bote mais milho na pipoqueira porque lá vem outra boa nova: a campeã de audiência na sessão da tarde e no escurinho do cinema oferece ácido fólico, vitamina importante para mulheres em idade fértil e que desponta em diversas pesquisas como protetora do coração. Contém ainda pequenas doses de minerais como o fósforo e o potássio, uma dupla que atua no sistema nervoso, na formação dos ossos e na manutenção dos músculos. Final feliz? Ainda não. Conheça a segunda parte desse enredo.
O lado, digamos, dramático desse filme é a gordura. E ponto. Não dá para deixar o ingrediente de lado e só contar o lado bom da história principalmente quando se fala da versão para microondas. A gordura, no caso, aparece em doses generosas porque afasta a umidade que poderia comprometer os grãos dentro da embalagem, diz Eduardo Sawasaki, do IAC. O óleo também acentua o sabor e torna os flocos mais macios. Por isso é usado sem economia por aí.
Em casa pode ser diferente.
Vamos à receita:
- 1 saco de papel vazio (daqueles de pão)
- 1 xícara (café) de milho para pipoca
- 1 xícara (café) de milho para pipoca
Coloque o milho no fundo do saco e ajeite, para ficar uma camada fina. Enrole bem a “boca”, virando algumas vezes; para garntir que está bem fechado. Mas deixe espaço suficiente para a pipoca estourar. Leve ao microondas na potência alta, por cerca de 3 minutos, até estourar tudo. Despeje numa vasilha e coloque sal à gosto.
Observações Importantes:
Cuidado ao abrir o saco, por causa do vapor quente no rosto.
Não reaproveite o saco, nem os milhos que não estouraram.
Não reaproveite o saco, nem os milhos que não estouraram.
*AMIDO RESISTENTE
- Banana verde;
- Batata crua;
- Sementes e grãos, como cevada e milho.